domingo, 12 de abril de 2009
http://manhasdeoutono.blogspot.com/
"Ela é fascinada por livros. Suas histórias a instigam tanto quanto a forma como cada autor vai, palavra por palavra, dando vida ao que antes era só uma página vazia.
Às vezes, questiona se cada personagem contém um pouco da história de seu próprio criador.
Acredita que toda narração, poesia, conto ou versinho que seja vem impregnado de fantasias de quem os escreve. E toda fantasia é feita de pequenos fragmentos de realidade que se perdem no tempo.
Pensa no quanto deve ser sofrido... não... não sabe se é essa a expressão correta.. talvez seja doloroso... no quanto há de ser doloroso transcrever para uma folha de papel as dores, amores, aventuras de pessoas e seres que até então só vivem dentro do próprio autor. Como deve ser difícil escolher a palavra certa para se dizer algo. Algo que, se dito de forma errada, não cativa o leitor.
E isto, ela confessa: é bem parecido com a vida real. Em algumas situações, dependendo do momento, faltam palavras para expressar uma vontade, um sentimento. Em outras, elas saem aos atropelos e além de não cativar, acabam desencantado.
Para ela livro bom é aquele que já passou por várias cabeceiras, estantes, mãos e gavetas. Adora livrarias de livros usados. Estes que antes foram produzidos em série, sem um toque amigo de um leitor fiel , e que agora já trazem suas próprias experiências. Esses são diferentes. Ficam dispostos nas estantes narrando não só a história para a qual foram propriamente criados, como também a de seus donos. Geralmente, em suas primeiras páginas trazem dedicatórias, declarações de amor, amizade explícita, carinho de familiares. Palavras de incentivo, força, estímulo. A história do livro começa já na página de apresentação contando antes a história desses personagens particulares.
Em outros é possível encontrar o nome do comprador e a data da aquisição. Quis ele possuir aquela história para si mesmo e datou para jamais esquecer quando foi que ela entrou em sua vida. O que teria ele ou ela feito quando terminou de ler? Guardou por algum tempo? Desfez-se logo? Quanto daquela história ainda o marca? Quanto aprendeu com ela?
Ela, que lê muito, guarda palavras, trechos tão absurdamente lindos de personagens heróis e desvalidos. Tem um caderno especial para anotá-las. Não pode confiar somente na memória. Não pode deixar de eternizar de novo e de novo palavras que fazem tanto sentido dentro de si.
Talvez, essa seja mesmo a finalidade dos livros. Trazer um pouco de sentido ao caos particular que existe dentro dela.
Tanto deve ser, que por muitas vezes se pegou refletindo em como se parece com esse ou aquele personagem. E que bem eles fazem a ela. Não consegue compreender como algumas pessoas não gostam de leitura.
Ela, antes de a descobrir, e isso se deu muito cedo, tinha cara dela mesma. Hoje ela tem cara de mundo porque a leitura faz com que cada página lida seja um aprendizado. E cada aprendizado é um pedacinho de horizonte que se ajeita um pouco mais para se tornar
infinito. Por isso a paixão pelas letras, pelas histórias e todos aqueles que fazem parte dela.
Também se arrisca a eternizar em folhas brancas um pouco de suas fantasias. Coisas simples. Nunca com a maestria dos grandes autores. Mas sempre carregadas de sentimentos. Sentimentos que ela vê despertarem dentro de si, quando lê palavras que a emocionam. "
Bjs S0nia!
Dias assim, bem perto de mim...: Mudanças, mudanças
Compartilhar, construir e conquistar. "Lambendo as feridas" através da escrita, humor, afeto. Espaço para discutirmos temas sobre identidade e dignidade humana. Dedico este BLOG às "profdocs" Cris Novikof e Angela Roberti pela fé na capacidade humana e pela luta e dedicação constante à visibilidade das minorias através do ensino e da pesquisa, a Antônio e Chico, meus grandes inspiradores na busca para um mundo mais justo e para todos os não-indiferentes as dores humanas. E à mamãe, que lá do céu tá pensando: trabalhei bem...
sábado, 11 de abril de 2009
Mudanças, mudanças
"Tá de mudança?! Que bom , renovação, muita renovação!".
Valeu Cris, você de novo me ajudou a entender o movimento..."O movimento insólito"
Ô mué à frente do seu tempo, sô!
Para todos que possam ler este post: acreditem na capacidade das mudanças em renovar os pré-conceitos, os pós-conceitos,as procrastinações, os sabores e amores bem e mal resolvidos e digeridos, as leituras, as divagações.Que sejam bem-vindas as renovações, todas elas, todos eles, em tudo aquilo que nos chamamos de gente.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Inclusão Social
Oi pra todo mundo!
LUMA, obrigada, por tudo e pela incrível divulgação, seu blog é lindo, em todos os sentidos e quando eu crescer eu quero ser igual a você...
Estou meio parada com as postagens,aí, fico divulgando o trabalho dos outros, que são trabalhos sensacionais e que acredito. São idéais que compartilho por identificação, emoção, experiência pessoal, experência dos sentidos... mas já já volto logo, com força total, com textos sobre estes temas, de minha autoria ou de pares, que nos apaixonam, nos movem nos instigam, cujo objetivo é um mundo de fato com menos desigualdades sociais! Os motivos deste afastamento deste espaço tão bom, onde tenho conhecido tanta gente interessante e aprendido muitas coisas são de natureza acadêmica, prazos a cumprir e que, juntamente com alguns problemas de saúde, me derrubaram um pouco,mas só um pouco!
Obrigada a todos!Obrigada Graça por ter indicado a leitura do meu Blog para os seus leitores! Depois eu vou falar desta ótima pessoa chamada Graça Huspel!
Hoje, dia 09/03, vou republicar o texto sobre a boneca (pois é acabou ficando conhecido assim) por conta da campanha " Blogagem Coletiva", da qual estou participando. Parece falta de criatividade, mas a vontade de continuar participando dos movimentos sociais é muito maior que a falta de tempo, então, para quem conhece, fica um overview, para quem nunca o leu, está formalmente apresentado. Sugiro que todos visitem o blog Esterança...
Gabizinha, parabéns pela sua defesa! Menina flor, blogueira e linda,uma criança ainda e já pesquisadora, por dentro e por fora, vc conseguiu!!!!!E agora, força na peruca no seu Blog, vc é uma cronista nata, não o abandone mais!
Beijos para todos vcs mais uma vez,
Dê
Há uns dois meses meu filho de sete anos me pediu uma boneca. Dividida entre a intelectualidade dos estudos acadêmicos e os valores que a nossa “reaça” sociedade demonstra nas questões de gênero, dei a boneca," bancando" um barulho enorme por parte da família, colegas de trabalho, ex-marido e afins. Sem contar a censura silenciosa de alguns, revelada por olhares ou gestos. É claro que recebi apoio e solidariedade. Mas o oposto foi muito mais pesado. Confesso que compreendo. Por parte de alguns mais, por parte de outros, menos. Mas respeito.
O meu desconforto foi muito mais em relação a mim mesma do que às posturas percebidas, públicas ou anônimas, verdadeiras ou educadas. Foi duro encarar minha insegurança em assumir DE FATO uma posição em relação às minorias sociais. Foi esta imagem, refletida no espelho das relações familiares que meu filho e sua boneca me obrigaram a olhar. Tive que sustentar uma postura, na prática, que há muito considerava como minha. Em teoria. Só descobri isto quando foi com um filho meu.
Aqui faço um parêntese: enquanto eu me torcia e retorcia constrangida, fazendo como o anão de jardim "cara de paisagem”, meu filho não estava nem aí para os olhares e comentários sobre meninos e bonecas e exibia orgulhoso a sua gorducha bailarina, penteando os seus cabelos, trocando as suas roupas, mudando o seu penteado, entre extasiado e maravilhado com as possibilidades daquele "ser" de 20 e poucos centímetros e puro látex, para onde ia: no meu trabalho, no Mestrado, pelas ruas, na casa do avô, do pai...lugares públicos ou privados para este menino não dizam nada! A cada um que afirmava que boneca não era coisa de "macho", ele perguntava candidamente: por quê?
A boneca para o meu filho foi um Lego às avessas: montava, desmontava, descobria as calcinhas (olha mamãe a calcinha dela!) maquiava, lavava, alimentava... Confesso: quando ninguém estava olhando, brincava junto com ele e me divertia à beça, me sentindo criança de novo, relembrando o prazer de simplesmente brincar!
Enquanto isso, na vida real as opiniões se dividiam entre as seguintes opções:
OPÇÃO A: Não é nada demais, é só uma fase, (os conservadores, mal disfarçando o seu mal-estar psicologizando a "coisa")
OPÇÃO B: Ele está descobrindo a sexualidade, (os moderados)
OPÇÃO C: Ele esta aprendendo a cuidar dos filhos. Por que, homem não pode cuidar dos filhos, não é? (os progressistas-liberais de extrema esquerda intelectuais, dentre eles, minha querida "profdoc" Cristina Novikoff, um bálsamo na minha vida)
OPÇÃO D: Ele está querendo chamar a atenção em protesto por tudo que passou nestes últimos tempos (os contemporizadores sociologizando a mesma "coisa")
OPÇÃO E: Este menino vai é ser "viado" mesmo! (muitos, em off, é claro!)
OPÇÃO D: Nenhuma das anteriores (mas esta opção não é aceita na pedagogização da "coisa")
E eu ali, realizando uma pesquisa disfarçada sobre o assunto, coletando os dados, tratando-os e analisando os resultados!
Mentalmente, catalogava as opiniões. Torturava-me a possibilidade entre assumir uma atitude "firme" com meu filho para não ser julgada e execrada, ou seja, aceita pelos meus pares, ou ainda pior, sucumbir num mar de disfarces, meias-mentiras, mentiras inteiras, hipocrisias...
Optei pela lealdade aos meus princípios. É neles que está o amor incondicional ao ser humano e o respeito às diferenças, que só se consolidam se você tiver um compromisso real com a verdade. A sua verdade. Possibilitando àquilo que é estranho, ser familiar. Esta postura é uma daquelas que, quando a gente "bota a cara" sabe, leva muita, mas muita porrada (não é Aninha?).
Meu filho é um ser humano. Pode ser diferente ou não no sentido convencional das opções sexuais. Mas isto não é importante. É apenas uma categoria de análise. Logo, não posso abrir mão dos meus princípios, pois eles constituem a minha identidade. Mantenho-me fiel a eles.
Bem seja o que for que representa a boneca para o meu filho, o fato é que ele está feliz da vida com o seu brinquedo novo e está me pedindo outra...
O fundamental, importante e imprescindível é o amor que sinto por este mini-humano e a admiração profunda que sinto ao vê-lo cuidar tão amorosamente do irmão menor, pela sensibilidade em perceber só de olhar meu rosto, o meu estado de ânimo, mesmo se tento disfarçar (e me alertar!), pela preocupação com a o coletivo, demonstrada nas pequenas atitudes cotidianas, como não jogar papel de bala no chão ou recolher as garrafas pets que meu pai insiste em atirar no seu quintal; em demonstrar bom caráter ao não contar mentiras muito punks (aquelas que sacaneiam alguém ferindo seus sentimentos), pela comoção sincera quando vê um desvalido, pela alegria com que admira a beleza de uma florzinha safada no jardim da minha mãe e colhê-la e colocar num copo me oferecendo; ao adorar incensos e gostar de livros, não com a devoção que eu gostaria, mas ok, e ao profundo amor que devota à sua Bolinha.
Me emociono ao vê-lo dormir e me assusto com a rapidez com que está tendo que amadurecer, pois a vida não tem sido fácil para ele.
Sendo assim, é muito fácil ser mãe deste ser humano de sete anos que me chama de mamãe. E se ele for gay, lésbica, hetero, bi, drag, transformista ou desejar uma cirurgia de mudança de sexo, tudo bem. Mesmo. O importante é que seja qual for o caminho escolhido, que seja pautado pelos princípios humanitários. Aqueles que fazem a gente ser decente e não nos torna indiferentes às misérias do mundo. E de quebra, que ame o seu próximo, respeitando a dignidade alheia. E que sonhe sempre com um mundo melhor, como antídoto para afastar o cinismo que ronda o cotidiano da perversidade.
Eu te amo meu filho.
Por tudo. Mas principalmente por me fazer olhar, de forma corajosa para dentro de mim mesma.
Com amor,
Mamãe.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Diversidade...
Fazendo uma visita, encontrei este vídeo que discute a disversidade, a importância da tolerancia e da alteridade.Tudo a ver comigo..
Por favor,asistam até o fim...vale a pena.
Instruction Manual for Life
http://www.youtube.com/watch?v=kAIpRRZvnJg
domingo, 1 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Charles
Sou seguidora de seu blog. E entre tantas postagens bacanas, copiei esta(aliás, não posso ver uma postagem bacana que me aproprio dela...), cujo autor, vem logo abaixo e é um velho conhecido nosso...
"Se teu olhar fosse mais aguçado, verias tudo em movimento."
(Nietzche)
http://charlesantonio.blogspot.com/2009_01_01_archive.html
23/01/2009 - 17:53
Mostrar que as mulheres são donas das suas vidas e que viver com respeito e dignidade e sem violência é um direito de toda mulher brasileira. Esse é o objetivo da campanha "Mulheres, donas da própria vida - Viver sem violência, direito das mulheres do campo e da floresta", dirigida a trabalhadoras rurais, quebradeiras de coco, negras rurais e quilombolas, mulheres da Amazônia, seringueiras e camponesas, que terá lançamento especial no Fórum Social Mundial 2009, em Belém.
A atividade, proposta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acontece no dia 30 de janeiro, às 15h30, na Tenda Doroty Stang, na Universidade Federal Rural da Amazônia. O mote da campanha fomenta debate sobre a rede necessária para enfrentamento da violência contra as mulheres do campo e da floresta. Participam da atividade, a ministra Nilcéa Freire e a subsecretária de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Aparecida Gonçalves, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). São aguardadas 300 pessoas, entre elas representantes das coordenações nacionais e regionais das pastorais sociais da CNBB.
A campanha "Mulheres, donas da própria vida - Viver sem violência, direito das mulheres do campo e da floresta" tem como peças de divulgação: filme institucional, spot de rádio e folheteria. Até meados deste mês, o spot de rádio foi veiculado pela segunda vez em 803 emissoras, somando 2.769 inserções - a primeira veiculação ocorreu no final de dezembro de 2008. O plano de mídia também assegurou a publicação de anúncios de página inteira em 26 revistas de comportamento, bordo (aéreo e rodoviário) e femininas.
Voltada à mudança cultural, a campanha de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta prevê como estratégias de abordagem: oficinas culturais, atividades nas escolas, programas de rádios e radionovelas, entre outras ações educativas. Essas ações pretendem estabelecer uma rede de solidariedade pelo fim da violência contra as mulheres. A campanha atende a uma reivindicação da Marcha das Margaridas e é assinada pela SPM, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta.
Fórum Social Mundial 2009
Lançamento da campanha "Mulheres, donas da própria vida - Viver sem violência, direito das mulheres do campo e da floresta"
Data: 30 de janeiro de 2009 (sexta-feira)
Horário: 15h30
Local: Tenda Doroty Stang (Tenda da CNBB) - Universidade Federal Rural da Amazônia - Belém
Apresentação |
Capítulos |
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Bibliografia |
Ficha Técnica |
Mídia |
Como Adquirir o Livro |
|
Adoro e acompamho o Blog de uma moça muito inteligente chamada Andrea.Adaptei um pequeno trecho de um artigo escrito e publicado por ela no domingo...
"Imprevistos fazem parte, um dia nunca é igual ao outro, tudo pode acontecer. O acaso pode mudar a sua vida!
- jogue tudo fora; roupas velhas, medicamentos vencidos, medos ou falsas crenças
- jogue fora a idéia de que as coisas não mudam; tudo muda a todo momento
- jogue fora o excesso de peso, o momento é perfeito para começar aquela dietinha...só não vale se inspirar no signo(de aquário, elemento ar) e se alimentar de vento...
- jogar fora o excesso de peso também pode representar se afastar das pessoas negativas que vivem resmungando e reclamando da vida...liberte-se!
- renove os amigos; procure ouvir coisas diferentes, faça um curso de filosofia, astrologia, quem sabe ufologia
- não se importe com as opiniões das outras pessoas, desde que continue a respeitar o fato de que elas têm todo o direito de pensar de um modo diferente do seu modo de pensar..."
É isto. Viva e deixe viver. Faça o melhor, tente mais uma vez, tente de novo e ore" para lembrar-se sempre de ser humilde e agradecer todos os dias pelos imprevistos, pelos foras,pelas decepções, pelos tombos, pelos percalços desta nossa vidinha...
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
O resgate de Vuyazi
(Lenda africana)
AO FUTURO...
“Levanto os olhos e contemplo o mundo. Num canto, as mulheres juntas em roda e suas vozes explodem num majestoso canto.... Esperanças, forças e alegrias brotam do suave canto e caem sobre a terra num dilúvio de flores...
Interrompemos a dança e seguimos em procissão, pela estrada fora. O nosso canto penetra na esfera das nuvens, e colonizamos o céu com as nossas vozes. Chegamos a lua, resgatamos Vuyazi, a princesa insubmissa nela estampada. Na sua cabeça colocamos uma coroa de ramos de palmeiras e aos pés semeamos flores de todas as cores...
Retiramos Vuyazi da sua estática posição e dançamos com ela na lua imensa. Gravitamos no céu e descobrimos: cada estrela é uma mulher semeada no alto. A terra é de barro e tem a forma de mulher. A lua é nossa, colonizamo-la, foi-nos conquistadas por Vuyazi, pioneira, heroína, princesa e rainha, primeira mulher do mundo que lutou pela felicidade e pela justiça. O mundo é nosso, em cada coração de mulher cabe o universo...
Juntas celebramos o porvir e juramos: a partir de hoje, caminharemos na marcha de todas as mulheres desprotegidas pela sorte, multiplicaremos a força dos nossos braços e seremos heroínas tombando na batalha do pão de cada dia. A cantar e a dançar, construiremos escolas com alicerces de pedra, onde aprenderemos a escrever e a ler as linhas do nosso destino. Atravessaremos o mar com a nau dos nossos olhos e levaremos a mensagem de solidariedade e fraternidade às mulheres dos quatro cantos do mundo. Ensinaremos aos homens a beleza das coisas proibidas: o prazer do choro, o paladar das asas e patas de galinha, a beleza da paternidade, a magia do ritmo do pilão a moer o grão. Amanhã, o mundo será mais natural, e os nossos bebes, tanto meninas quanto rapazes, terão quatro anos de mamada... Olharemos para os homens com amor verdadeiro ... Ao lado dos nossos namorados, maridos e amantes, dançaremos de vitória em vitória no niketche da vida. Com as nossas impurezas menstruais, adubaremos o solo, onde germinará o arco-iris de perfume e flor.”
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Apesar de você...
Amanhã vai ser outro dia e um outro mundo muito melhor!Já esta sendo construído, a muito tempo...Só você é que insiste em não ver!
http://www.youtube.com/watch?v=YU547fUsHqI
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Alteridade e cidadania
A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres humanos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.
“Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente por serem diferentes eles são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já imaginou se eles fossem todos iguais?
Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural. A humanidade, pode-se dizer, é semelhante a uma mão. Somos diferentes numa família. Somos diferentes numa região. Somos diferentes numa nação. A diferença é inerente, portanto, à natureza humana. Que bom que assim seja.”(Carlos Pereira).
Ao se deparar com o diverso devemos, inicialmente, retirar da mente os agentes psicológicos do preconceito e da preocupação, isto é, aqueles julgamentos pré-concebidos, que e entram em ação desnecessariamente antes do tempo e aqueles trazem uma ocupação negativa espaço mental antecipada, com perda de energia. Devemos acabar com todo tipo de pré-conceito colocar a mente em branco para receber o conteúdo do outro sem uma opinião previamente formada. Faz necessário estar em estado de alerta percepção para entender os motivos pelos quais o outro concebe as coisas do seu jeito, estabelecer uma relação empática com o interlocutor, para finalmente, construir o ensino-aprendizado na relação, ampliar a capacidade de correlação, de interdependência, de entendimento e convivência fraternal.
Não há princípios de alteridade naqueles que não aceitam a dissidência de antigos companheiro, que não aceitam a oposição deliberada, a opinião, o ponto de vista diferente e adota-se uma postura de discriminação, trata o diferente com a indiferença não adota a tolerância como princípio básico de mediação das relações interpessoais. Não é um cidadão alteritário quem não consegue amar a natureza, os seres vivos e aos outros, que repudia o seu irmão simplesmente por ele possuir uma visão diferente de enxergar o mundo, de ver a mesma realidade.
Na família, na escola e na sociedade devemos ensinar ao educando, através do exemplo, o principio da alteridade, como o vetor norteador das relações interpessoais, para que possa eliminar de sua psique os agregados psicológicos inumanos da xenofobia, da aversão a pessoas e coisas estrangeiras, do racismo, para evitar o ódio e as guerras étnicas, dos preconceitos de idades e de classes sociais, dos estigmas, da discriminação,etc. E para ensinar precisamos ser a alteridade em si, fazermos como fez o nosso mestre, que vivenciou a alteridade e nos ensinou assim: “Fazei aos outros aquilo que queiras os outros façam a ti”.
Se pautarmos em nossas vidas pelas relações de alteridade, jamais iremos fabricar armas, material bélico e tudo aquilo que ceifa a vida de qualquer coisa do cosmo, que holisticamente coexistem interdependentemente conosco. Pois na relação de alteridade sentimos como se fossemos o outro, sentimos bem com o bem estar do outro e sofremos com a angústia do outro. Devemos saber colocar no lugar do outro, em qualquer situação, para compreende-lo integralmente. Se possuirmos nenhuma sensibilidade pelo outro, pelas coisas da natureza, é porque não somos revestidos de alteridade, não sabemos conviver com a pluralidade.
Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço o outro em mim mesmo, também como sujeito aos mesmos direitos que eu, de iguais direitos para todos, o que também gera deveres e responsabilidades, ingredientes da cidadania plena. Esta constatação das diferenças é que gera a alteridade, alavanca da solidariedade, da responsabilidade, eixo da cidadania.
O estado de intolerância é apoiado na ignorância de anticidadãos que buscam os menores pretextos para justificação de seus atos de maldade. A simplicidade dos sábios, a sabedoria dos silenciosos, a tolerância dos pacificadores, a alteridade e a solidariedade dos cidadãos, etc., são reais valores da Cultura da Paz e Não-violência.
Alteridade é uma palavra que vem ganhando uso acentuado nos meios sociais do século XXI, entretanto a palavra em si não serve para nada, se não for acompanha da praticada em si mesma. De nada adianta falar em alteridade, se não tivermos em nosso interior o estado de alteridade.
Alteridade é uma palavra que designa em sua profundidade o holismo presente nas leis de convívio entre os seres humanos revestidos de cidadania e na relação destes com todos os seres da natureza. A pessoa alteritária é mais fraterna em todos os sentidos, deixa de criticar, julgar, agredir, infligir leis e normas e passa a ser responsável pelos deveres e obrigações. Quem é altério trilha o caminho da não-agressão, do não-julgamento, luta pela paz de seus semelhantes, por estar em paz consigo mesmo, com a humanidade, com a vida.
Ao desenvolvermos a alteridade, nasce o respeito pela maneira de ser dos outros, levando-se em conta que todos somos seres em diferentes, com graus de compreensão diferente.
Nas nossas sociedades contemporâneas, onde impera a inalteridade, a racionalidade, sob as formas de ciência e tecnologia, no paradigma antropocêntrico, passou a ser instrumento de violência estrutural, no modelo social hegemônico neoliberal, onde se expressa como meio mais eficiente de dominação social, de controle ideológico, de exploração, de exclusão das maiorias economicamente desfavorecidas.
O sistema antropocêntrico, por intermédio da violência estrutural, produz vítimas de modo massivo. As vítimas da racionalidade do sistema vão ficando num beco-sem-saída. O sofrimento das maiorias excluídas ecoa pelas ruas das favelas, dos vilarejos. Mas a alteridade faz-nos adotar a perspectiva do olhar das vítimas, para através da cidadania profunda engendrarmos ações que nos levam a lutar para mudanças neste estado de coisas.
Os mecanismos do sistema neocapitalista antropocêntrico engendra o sofrimento às grandes maiorias de excluídos. Para este sistema anticidadão inalteritário, o outro (alter) é totalmente destituído de vida, é coisificado, reduzido a um número, a uma estatística, a um elemento do consumo. Então, para este sistema perverso, o outro não tem configuração humana, uma vez que ele é objetivado para fins de lucratividade, produtividade, uso, etc.
O sofrimento das vítimas da violência estrutural do poderio econômico é indescritível pois possuem uma alteridade irredutível que desmascara a hipocrisia do neoliberalismo econômico.
A cidadania, a ética e alteridade se constituem no tripé do paradigma holístico, no modelo, no referencial para qualquer modo de convivência humana. Elas devem ser construídas na família, na escola e na sociedade, para nortearem todo o protagonismo juvenil na construção dos futuros projetos político-econômicos e todas as dinâmicas sociais e institucionais. Elas devem constituir a base de detecção e de ação para a erradicação do sofrimento das vítimas.
Um cidadão alteritário possui um compromisso inadiável para com as vitimas da violência estrutural, no que se diz respeito ao seu grito por dignidade humana.
A cidadania, a ética e a alteridade se constituem na base de sustentação do homem íntegro, cuja preocupação com o seu semelhante se constitui no autêntico imperativo ético, no dever ser absoluto, que emerge do clamor irredutível das vítimas indefesas da violência estrutural para serem reconhecidas na sua dignidade humana.
“Nunca deixo de pensar naqueles que sofrem, e junto com eles, caminho solidário”
(Oscar Niemayer)
Maurício da Silva é Professor e criador do Projeto Mundial Cultura da Paz e Não-Violência, do Movimento Vivavida Com Paz (MOVIPAZ) e autores de vários livros, entre os quais: Violência nas Escolas, Caos na Sociedade,Violência, o Desafio da Paz
Disponíveis na EVIRT.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Try little tenderness!
- todos os meus professores do Mestrado que com seu conhecimento e compromisso com os princípios da dignidade humana me ajudam a crescer como pessoa;
- todos que buscam na pluralidade os caminhos para "fugir de seus amos, sonhar com a felicidade, enfrentar a violência, povoar as formas sociais do saber, dar nova forma ao presente e realizar estas viagens do espírito sem as quais não há liberdade";
- todas as formas possíveis de uma invenção social, através de gestos políticos plenos de compaixão para com a multidão anônima;
- minha mãe e a minha irmã.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Gustavo Piovezan
Recebi um comentário muito bacana sobre um dos meus post. O autor se chama Gustavo e fui conhecê-lo.Ao abrir seu blog, descortinou-se para mim esta linda imagem, com estas palavras escritas. era o que eu queria dizer neste blog. E ele disse, em forma de imagem e palavras sobrepostas:
"Quando falamos de gênero geralmente pensamos em gays e lésbicas, mas esta discussão vai muito além, ela aborda questões políticas, ambientais, educacionais, etc. Neste sentido pretendemos discutir, aqui no blog, algumas notícias e coisas afins sobre este tema"
Quer saber mais? http://discutindogenero.blogspot.com/
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Discriminação, racismo e preconceito.Eu sofro disso?Extraído do Relatório de Desenvolvimento Humano • Racismo, pobreza e violência
domingo, 4 de janeiro de 2009
Tenho um amigo chamado Cristiano.
Tenho um amigo chamado Juninho.
Quando somos professores encontramos pessoas que nos marcam por vários motivos. Juninho é um desses casos.Aluno que virou amigo. Nem ele sabe que é meu amigo. Eu é que sou amiga dele porque este menino é uma daquelas pessoas que a gente não encontra sempre. É uma unanimidade entre os colegas em generosidade e compromisso com as suas verdades. (eu sei, toda a unanimidade é burra, seu Nelson, mas com a sua licença, vou discordar por ora.) Não entrega, não delata, não aponta. Num universo competitivo, não deu a menor bola para um grau maior, se para isto os outros teriam que ter graus menores. Não sei se a minha identificação com Juninho é pela falta de pudor com que nos expomos às causas coletivas, se é pelo uso do corpo como instrumento de identidade, esta gravada na pele, exposta nos adornos, no semblante, nos gestos e atitudes. Somos filhos do mesmo pai. E sabemos a responsabilidade disto. Além do mais, Juninho é grande. E impõe respeito, pois se respeita acima de tudo. O visual progressista pode ser polêmico, pois foge dos padrões culturais hegemônicos, onde subliminarmente lê-se: "sou da paz, mas se vc usar da sua condição para diminuir alguém..." e cá prá nós, é sempre bom termos amigos grandes, pois tem sempre um babaca burguês (notem, grifei o gênero) que acha que pode tudo e que tudo lhe pertence e que atravessa o nosso caminho. E e sempre útil para uma mulher ter um amigo grande e forte... Juninho é gente boa prá caramba. É pai. É um cara cuja mente esta sempre "brainstormizada". Inquieto com as misérias e com as injustiças. É um pesquisador nato. Ainda vou conseguir convencê-lo de que sua natureza alegre e criativa faz toda a diferença num universo pedagógico, carregado por desamores, mau-humores e desinteresse. É pau prá toda obra. Juninho Coração de Leão. Muitíssimo apropriado. Todos os significados subjacentes ao codinome conferem com com o original.