domingo, 14 de fevereiro de 2010

Memória e (res) sentimento


Estou tentando, nestes dias de Carnaval, concluir uma parte muito importante da minha dissertação. O Rei Momo está me convocando para a sua festa, e eu, foliã que sou, estou quase literalmente isolada de tudo e de todos para concluir a minha tarefa e não sucumbir ao seu chamado.Quem manda não equilibrar melhor as coisas, Denise!
Então, neste período de produções acadêmicas, fui apresentada a um livro que se transformou no título deste post.
Quero muito escrever mais sobre este tema.Memória e ressentimento tem muito a esclarecer não só sobre a minha dissertação, mas sobre as nossas trajetórias de vida e me fascina.
Quantas lembranças guardadas que preferimos esquecer? Quanta emoção guarda uma decisão tomada no passado e que acreditamos resolvida, mas que está ali, aprisionada e escondida, sufocada, reprimida e à primeira chance, transborda, arrebentando tudo ao nosso redor?
Minhas entrevistadas me apresentaram, em seus relatos, esta força, a da emoção dos desejos reprimidos...

domingo, 12 de abril de 2009

Encontrei esta linda postagem no blog da Sonia uma carioca professora de literaturas. Além de postar este lindo texto, ela dá o crédito à fonte original, o que os torna, o texto e a blogueira, mais lindos ainda.Para quem ama ler, este post diz tudo...
http://manhasdeoutono.blogspot.com/

"Ela é fascinada por livros. Suas histórias a instigam tanto quanto a forma como cada autor vai, palavra por palavra, dando vida ao que antes era só uma página vazia.
Às vezes, questiona se cada personagem contém um pouco da história de seu próprio criador.

Acredita que toda narração, poesia, conto ou versinho que seja vem impregnado de fantasias de quem os escreve. E toda fantasia é feita de pequenos fragmentos de realidade que se perdem no tempo.

Pensa no quanto deve ser sofrido... não... não sabe se é essa a expressão correta.. talvez seja doloroso... no quanto há de ser doloroso transcrever para uma folha de papel as dores, amores, aventuras de pessoas e seres que até então só vivem dentro do próprio autor. Como deve ser difícil escolher a palavra certa para se dizer algo. Algo que, se dito de forma errada, não cativa o leitor.

E isto, ela confessa: é bem parecido com a vida real. Em algumas situações, dependendo do momento, faltam palavras para expressar uma vontade, um sentimento. Em outras, elas saem aos atropelos e além de não cativar, acabam desencantado.

Para ela livro bom é aquele que já passou por várias cabeceiras, estantes, mãos e gavetas. Adora livrarias de livros usados. Estes que antes foram produzidos em série, sem um toque amigo de um leitor fiel , e que agora já trazem suas próprias experiências. Esses são diferentes. Ficam dispostos nas estantes narrando não só a história para a qual foram propriamente criados, como também a de seus donos. Geralmente, em suas primeiras páginas trazem dedicatórias, declarações de amor, amizade explícita, carinho de familiares. Palavras de incentivo, força, estímulo. A história do livro começa já na página de apresentação contando antes a história desses personagens particulares.

Em outros é possível encontrar o nome do comprador e a data da aquisição. Quis ele possuir aquela história para si mesmo e datou para jamais esquecer quando foi que ela entrou em sua vida. O que teria ele ou ela feito quando terminou de ler? Guardou por algum tempo? Desfez-se logo? Quanto daquela história ainda o marca? Quanto aprendeu com ela?

Ela, que lê muito, guarda palavras, trechos tão absurdamente lindos de personagens heróis e desvalidos. Tem um caderno especial para anotá-las. Não pode confiar somente na memória. Não pode deixar de eternizar de novo e de novo palavras que fazem tanto sentido dentro de si.
Talvez, essa seja mesmo a finalidade dos livros. Trazer um pouco de sentido ao caos particular que existe dentro dela.
Tanto deve ser, que por muitas vezes se pegou refletindo em como se parece com esse ou aquele personagem. E que bem eles fazem a ela. Não consegue compreender como algumas pessoas não gostam de leitura.

Ela, antes de a descobrir, e isso se deu muito cedo, tinha cara dela mesma. Hoje ela tem cara de mundo porque a leitura faz com que cada página lida seja um aprendizado. E cada aprendizado é um pedacinho de horizonte que se ajeita um pouco mais para se tornar
infinito. Por isso a paixão pelas letras, pelas histórias e todos aqueles que fazem parte dela.
Também se arrisca a eternizar em folhas brancas um pouco de suas fantasias. Coisas simples. Nunca com a maestria dos grandes autores. Mas sempre carregadas de sentimentos. Sentimentos que ela vê despertarem dentro de si, quando lê palavras que a emocionam. "

Bjs S0nia!

Dias assim, bem perto de mim...: Mudanças, mudanças

Dias assim, bem perto de mim...: Mudanças, mudanças

Compartilhar, construir e conquistar. "Lambendo as feridas" através da escrita, humor, afeto. Espaço para discutirmos temas sobre identidade e dignidade humana. Dedico este BLOG às "profdocs" Cris Novikof e Angela Roberti pela fé na capacidade humana e pela luta e dedicação constante à visibilidade das minorias através do ensino e da pesquisa, a Antônio e Chico, meus grandes inspiradores na busca para um mundo mais justo e para todos os não-indiferentes as dores humanas. E à mamãe, que lá do céu tá pensando: trabalhei bem...

sábado, 11 de abril de 2009

Mudanças, mudanças

Estou de mudança, minha velha casa nova está quase pronta, minha vida nova está quase pronta num constante processo de re-construção, re-novação, re-visão. Acredito no que a minha querida profdoc Cris NoviKof me disse, em meio aos meus murmúrios lamentosos sobre as agruras de todas as mudanças, mau hábito da maioria de nós em reclamar:
"Tá de mudança?! Que bom , renovação, muita renovação!".
Valeu Cris, você de novo me ajudou a entender o movimento..."O movimento insólito"

Ô mué à frente do seu tempo, !

Para todos que possam ler este post: acreditem na capacidade das mudanças em renovar os pré-conceitos, os pós-conceitos,as procrastinações, os sabores e amores bem e mal resolvidos e digeridos, as leituras, as divagações.Que sejam bem-vindas as renovações, todas elas, todos eles, em tudo aquilo que nos chamamos de gente.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Inclusão Social



Oi pra todo mundo!
LUMA, obrigada, por tudo e pela incrível divulgação, seu blog é lindo, em todos os sentidos e quando eu crescer eu quero ser igual a você...

Estou meio parada com as postagens,aí, fico divulgando o trabalho dos outros, que são trabalhos sensacionais e que acredito. São idéais que compartilho por identificação, emoção, experiência pessoal, experência dos sentidos... mas já já volto logo, com força total, com textos sobre estes temas, de minha autoria ou de pares, que nos apaixonam, nos movem nos instigam, cujo objetivo é um mundo de fato com menos desigualdades sociais! Os motivos deste afastamento
deste espaço tão bom, onde tenho conhecido tanta gente interessante e aprendido muitas coisas são de natureza acadêmica, prazos a cumprir e que, juntamente com alguns problemas de saúde, me derrubaram um pouco,mas só um pouco!
Obrigada a todos!Obrigada Graça por ter indicado a leitura do meu Blog para os seus leitores! Depois eu vou falar desta ótima pessoa chamada Graça Huspel!

Hoje, dia 09/03, vou republicar o texto sobre a boneca (pois é acabou ficando conhecido assim) por conta da campanha " Blogagem Coletiva", da qual estou participando. Parece falta de criatividade, mas a vontade de continuar participando dos movimentos sociais é muito maior que a falta de tempo, então, para quem conhece, fica um overview, para quem nunca o leu, está formalmente apresentado. Sugiro que todos visitem o blog Esterança...

Gabizinha, parabéns pela sua defesa! Menina flor, blogueira e linda,uma criança ainda e já pesquisadora, por dentro e por fora, vc conseguiu!!!!!E agora, força na peruca no seu Blog, vc é uma cronista nata, não o abandone mais!

Beijos para todos vcs mais uma vez,




Meu filho e pediu uma boneca


Há uns dois meses meu filho de sete anos me pediu uma boneca. Dividida entre a intelectualidade dos estudos acadêmicos e os valores que a nossa “reaça” sociedade demonstra nas questões de gênero, dei a boneca," bancando" um barulho enorme por parte da família, colegas de trabalho, ex-marido e afins. Sem contar a censura silenciosa de alguns, revelada por olhares ou gestos. É claro que recebi apoio e solidariedade. Mas o oposto foi muito mais pesado. Confesso que compreendo. Por parte de alguns mais, por parte de outros, menos. Mas respeito.

O meu desconforto foi muito mais em relação a mim mesma do que às posturas percebidas, públicas ou anônimas, verdadeiras ou educadas. Foi duro encarar minha insegurança em assumir DE FATO uma posição em relação às minorias sociais. Foi esta imagem, refletida no espelho das relações familiares que meu filho e sua boneca me obrigaram a olhar. Tive que sustentar uma postura, na prática, que há muito considerava como minha. Em teoria. Só descobri isto quando foi com um filho meu.

Aqui faço um parêntese: enquanto eu me torcia e retorcia constrangida, fazendo como o anão de jardim "cara de paisagem”, meu filho não estava nem aí para os olhares e comentários sobre meninos e bonecas e exibia orgulhoso a sua gorducha bailarina, penteando os seus cabelos, trocando as suas roupas, mudando o seu penteado, entre extasiado e maravilhado com as possibilidades daquele "ser" de 20 e poucos centímetros e puro látex, para onde ia: no meu trabalho, no Mestrado, pelas ruas, na casa do avô, do pai...lugares públicos ou privados para este menino não dizam nada! A cada um que afirmava que boneca não era coisa de "macho", ele perguntava candidamente: por quê?

A boneca para o meu filho foi um Lego às avessas: montava, desmontava, descobria as calcinhas (olha mamãe a calcinha dela!) maquiava, lavava, alimentava... Confesso: quando ninguém estava olhando, brincava junto com ele e me divertia à beça, me sentindo criança de novo, relembrando o prazer de simplesmente brincar!

Enquanto isso, na vida real as opiniões se dividiam entre as seguintes opções:

OPÇÃO A: Não é nada demais, é só uma fase, (os conservadores, mal disfarçando o seu mal-estar psicologizando a "coisa")

OPÇÃO B: Ele está descobrindo a sexualidade, (os moderados)

OPÇÃO C: Ele esta aprendendo a cuidar dos filhos. Por que, homem não pode cuidar dos filhos, não é? (os progressistas-liberais de extrema esquerda intelectuais, dentre eles, minha querida "profdoc" Cristina Novikoff, um bálsamo na minha vida)

OPÇÃO D: Ele está querendo chamar a atenção em protesto por tudo que passou nestes últimos tempos (os contemporizadores sociologizando a mesma "coisa")

OPÇÃO E: Este menino vai é ser "viado" mesmo! (muitos, em off, é claro!)

OPÇÃO D: Nenhuma das anteriores (mas esta opção não é aceita na pedagogização da "coisa")

E eu ali, realizando uma pesquisa disfarçada sobre o assunto, coletando os dados, tratando-os e analisando os resultados!

Mentalmente, catalogava as opiniões. Torturava-me a possibilidade entre assumir uma atitude "firme" com meu filho para não ser julgada e execrada, ou seja, aceita pelos meus pares, ou ainda pior, sucumbir num mar de disfarces, meias-mentiras, mentiras inteiras, hipocrisias...

Optei pela lealdade aos meus princípios. É neles que está o amor incondicional ao ser humano e o respeito às diferenças, que só se consolidam se você tiver um compromisso real com a verdade. A sua verdade. Possibilitando àquilo que é estranho, ser familiar. Esta postura é uma daquelas que, quando a gente "bota a cara" sabe, leva muita, mas muita porrada (não é Aninha?).

Meu filho é um ser humano. Pode ser diferente ou não no sentido convencional das opções sexuais. Mas isto não é importante. É apenas uma categoria de análise. Logo, não posso abrir mão dos meus princípios, pois eles constituem a minha identidade. Mantenho-me fiel a eles.

Bem seja o que for que representa a boneca para o meu filho, o fato é que ele está feliz da vida com o seu brinquedo novo e está me pedindo outra...

O fundamental, importante e imprescindível é o amor que sinto por este mini-humano e a admiração profunda que sinto ao vê-lo cuidar tão amorosamente do irmão menor, pela sensibilidade em perceber só de olhar meu rosto, o meu estado de ânimo, mesmo se tento disfarçar (e me alertar!), pela preocupação com a o coletivo, demonstrada nas pequenas atitudes cotidianas, como não jogar papel de bala no chão ou recolher as garrafas pets que meu pai insiste em atirar no seu quintal; em demonstrar bom caráter ao não contar mentiras muito punks (aquelas que sacaneiam alguém ferindo seus sentimentos), pela comoção sincera quando vê um desvalido, pela alegria com que admira a beleza de uma florzinha safada no jardim da minha mãe e colhê-la e colocar num copo me oferecendo; ao adorar incensos e gostar de livros, não com a devoção que eu gostaria, mas ok, e ao profundo amor que devota à sua Bolinha.

Me emociono ao vê-lo dormir e me assusto com a rapidez com que está tendo que amadurecer, pois a vida não tem sido fácil para ele.

Sendo assim, é muito fácil ser mãe deste ser humano de sete anos que me chama de mamãe. E se ele for gay, lésbica, hetero, bi, drag, transformista ou desejar uma cirurgia de mudança de sexo, tudo bem. Mesmo. O importante é que seja qual for o caminho escolhido, que seja pautado pelos princípios humanitários. Aqueles que fazem a gente ser decente e não nos torna indiferentes às misérias do mundo. E de quebra, que ame o seu próximo, respeitando a dignidade alheia. E que sonhe sempre com um mundo melhor, como antídoto para afastar o cinismo que ronda o cotidiano da perversidade.

Eu te amo meu filho.
Por tudo. Mas principalmente por me fazer olhar, de forma corajosa para dentro de mim mesma.



Com amor,

Mamãe.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Diversidade...

Saindo da Matriz é um excelente Blog.
Fazendo uma visita, encontrei este vídeo que discute a disversidade, a importância da tolerancia e da alteridade.Tudo a ver comigo..
Por favor,asistam até o fim...vale a pena.


Instruction Manual for Life



http://www.youtube.com/watch?v=kAIpRRZvnJg