domingo, 4 de janeiro de 2009

Tenho um amigo chamado Cristiano.

Cristiano é meu amigo. É o oposto do Juninho. Se um é Bad boy o outro é mauricinho. O que os tornam tão especiais são os princípios que norteiam as suas ações.Professor como eu,Cris é o meu parceiro na busca pelos espaços profissionais e no sofrimento das buscas. em vão.. Sensível, observador, doce, crítico, me faz rir e me faz feliz... Vaidoso, sabe que podemos mais. Cuidadoso, cuida dos meus sentimentos mais delicados com uma leveza, que parece que tudo é tão sem importância! Mas de fato é! Ninguém nem nada tem o poder de te fazer deixar de sorrir, de sonhar ou de acreditar. Compartilho com o Cris coisas que só ele é capaz de entender. E , mesmo quando fechada em meus pensamentos e sentimentos, esse cara remexe lá no fundo, interpreta tudo, me dando respostas que me aliviam através do riso cheio, gostoso e que sai da minha boca quando estamos juntos, me devolvedo a "normalidade", pois por um tempo, achei que não ir rir "grande" mais. É um daqueles amigos que toda mulher precisa ter: bonito, muito bonito, educado, bem vestido e que te deixa "bem na fita". E o melhor de tudo: neste "pacote" tem valores como ótimo caráter e solidariedade, muito úteis quando vc cruza com uma espécie humana das mais desprezíveis: a burguesia hegemônica branca.Loiro e lindo, Cristiano é o sucesso personificado se julgado pelos padrões culturais considerados como sucesso. Para estes , Cris, como Juninho, quebra o ego do povo ao se negar em comungar dos processos de exclusão, o que seria para ele tão mais fácil ! E acaba funcionando como um antídoto para a mesmice,a mediocridade e a pequenez. Diferenças de opção sexual à parte, ou de estilo ou fenótipo, o fato é que no imprescindível e relevente na vida estes dois são exatamentes iguais: compram a briga por mim, por vc, pela dignidade humana, para defender a vulnerabilidade da fragilidade humana.

Tenho um amigo chamado Juninho.




Quando somos professores encontramos pessoas que nos marcam por vários motivos. Juninho é um desses casos.Aluno que virou amigo. Nem ele sabe que é meu amigo. Eu é que sou amiga dele porque este menino é uma daquelas pessoas que a gente não encontra sempre. É uma unanimidade entre os colegas em generosidade e compromisso com as suas verdades. (eu sei, toda a unanimidade é burra, seu Nelson, mas com a sua licença, vou discordar por ora.) Não entrega, não delata, não aponta. Num universo competitivo, não deu a menor bola para um grau maior, se para isto os outros teriam que ter graus menores. Não sei se a minha identificação com Juninho é pela falta de pudor com que nos expomos às causas coletivas, se é pelo uso do corpo como instrumento de identidade, esta gravada na pele, exposta nos adornos, no semblante, nos gestos e atitudes. Somos filhos do mesmo pai. E sabemos a responsabilidade disto. Além do mais, Juninho é grande. E impõe respeito, pois se respeita acima de tudo. O visual progressista pode ser polêmico, pois foge dos padrões culturais hegemônicos, onde subliminarmente lê-se: "sou da paz, mas se vc usar da sua condição para diminuir alguém..." e cá prá nós, é sempre bom termos amigos grandes, pois tem sempre um babaca burguês (notem, grifei o gênero) que acha que pode tudo e que tudo lhe pertence e que atravessa o nosso caminho. E e sempre útil para uma mulher ter um amigo grande e forte... Juninho é gente boa prá caramba. É pai. É um cara cuja mente esta sempre "brainstormizada". Inquieto com as misérias e com as injustiças. É um pesquisador nato. Ainda vou conseguir convencê-lo de que sua natureza alegre e criativa faz toda a diferença num universo pedagógico, carregado por desamores, mau-humores e desinteresse. É pau prá toda obra. Juninho Coração de Leão. Muitíssimo apropriado. Todos os significados subjacentes ao codinome conferem com com o original.


Vuyazi, a princesa insubmissa.


"Para uma amiga, que como eu, em 2009 encontrará a felicidade (cor do Sol que estará regendo o próximo ano)

Era uma vez uma princesa. Nasceu da nobreza, mas tinha o coração de pobreza. Às mulheres sempre se impôs a obrigação de obedecer aos homens. E a natureza. Esta princesa desobedecia ao pai e ao marido e só fazia o que queria. Quando o marido repreendia, ela respondia. Quando lhe espancava, retribuía. Quando cozinhava galinha, comia moelas e comia coxas, servia ao marido o que lhe apetecia. Quando a primeira filha fez um ano, o marido disse: vamos desmamar a menina, e fazer outro filho. Ela disse que não. Queria que a filha mamasse dois anos como os rapazes, para que crescesse forte como ela. Recusava-se a servi-lo de joelhos e a aparar-lhe os pentelhos. O marido, cansado da insubmissão, apelou à justiça do rei, pai dela. O rei, magoado, ordenou ao dragão para lhe dar um castigo. Num dia de trovão, o dragão levou-a para o céu e a estampou na lua, para dar um exemplo de castigo para o mundo inteiro. Quando a lua cresce e incha, há uma mulher que se vê no meio da lua, de trouxa a cabeça e bebê nas costas. E Vuyazi, a princesa insubmissa estampada na lua. E a Vuyazi, estátua de sal, petrificada no alto dos céus, num inferno de gelo. E por isso que as mulheres do mundo inteiro, uma vez por mês, apodrecem o corpo em chagas e ficam impuras, choram lágrimas de sangue, castigadas pela insubmissão de Vuyazi.

(Lenda africana)