quinta-feira, 5 de março de 2009

Inclusão Social



Oi pra todo mundo!
LUMA, obrigada, por tudo e pela incrível divulgação, seu blog é lindo, em todos os sentidos e quando eu crescer eu quero ser igual a você...

Estou meio parada com as postagens,aí, fico divulgando o trabalho dos outros, que são trabalhos sensacionais e que acredito. São idéais que compartilho por identificação, emoção, experiência pessoal, experência dos sentidos... mas já já volto logo, com força total, com textos sobre estes temas, de minha autoria ou de pares, que nos apaixonam, nos movem nos instigam, cujo objetivo é um mundo de fato com menos desigualdades sociais! Os motivos deste afastamento
deste espaço tão bom, onde tenho conhecido tanta gente interessante e aprendido muitas coisas são de natureza acadêmica, prazos a cumprir e que, juntamente com alguns problemas de saúde, me derrubaram um pouco,mas só um pouco!
Obrigada a todos!Obrigada Graça por ter indicado a leitura do meu Blog para os seus leitores! Depois eu vou falar desta ótima pessoa chamada Graça Huspel!

Hoje, dia 09/03, vou republicar o texto sobre a boneca (pois é acabou ficando conhecido assim) por conta da campanha " Blogagem Coletiva", da qual estou participando. Parece falta de criatividade, mas a vontade de continuar participando dos movimentos sociais é muito maior que a falta de tempo, então, para quem conhece, fica um overview, para quem nunca o leu, está formalmente apresentado. Sugiro que todos visitem o blog Esterança...

Gabizinha, parabéns pela sua defesa! Menina flor, blogueira e linda,uma criança ainda e já pesquisadora, por dentro e por fora, vc conseguiu!!!!!E agora, força na peruca no seu Blog, vc é uma cronista nata, não o abandone mais!

Beijos para todos vcs mais uma vez,




Meu filho e pediu uma boneca


Há uns dois meses meu filho de sete anos me pediu uma boneca. Dividida entre a intelectualidade dos estudos acadêmicos e os valores que a nossa “reaça” sociedade demonstra nas questões de gênero, dei a boneca," bancando" um barulho enorme por parte da família, colegas de trabalho, ex-marido e afins. Sem contar a censura silenciosa de alguns, revelada por olhares ou gestos. É claro que recebi apoio e solidariedade. Mas o oposto foi muito mais pesado. Confesso que compreendo. Por parte de alguns mais, por parte de outros, menos. Mas respeito.

O meu desconforto foi muito mais em relação a mim mesma do que às posturas percebidas, públicas ou anônimas, verdadeiras ou educadas. Foi duro encarar minha insegurança em assumir DE FATO uma posição em relação às minorias sociais. Foi esta imagem, refletida no espelho das relações familiares que meu filho e sua boneca me obrigaram a olhar. Tive que sustentar uma postura, na prática, que há muito considerava como minha. Em teoria. Só descobri isto quando foi com um filho meu.

Aqui faço um parêntese: enquanto eu me torcia e retorcia constrangida, fazendo como o anão de jardim "cara de paisagem”, meu filho não estava nem aí para os olhares e comentários sobre meninos e bonecas e exibia orgulhoso a sua gorducha bailarina, penteando os seus cabelos, trocando as suas roupas, mudando o seu penteado, entre extasiado e maravilhado com as possibilidades daquele "ser" de 20 e poucos centímetros e puro látex, para onde ia: no meu trabalho, no Mestrado, pelas ruas, na casa do avô, do pai...lugares públicos ou privados para este menino não dizam nada! A cada um que afirmava que boneca não era coisa de "macho", ele perguntava candidamente: por quê?

A boneca para o meu filho foi um Lego às avessas: montava, desmontava, descobria as calcinhas (olha mamãe a calcinha dela!) maquiava, lavava, alimentava... Confesso: quando ninguém estava olhando, brincava junto com ele e me divertia à beça, me sentindo criança de novo, relembrando o prazer de simplesmente brincar!

Enquanto isso, na vida real as opiniões se dividiam entre as seguintes opções:

OPÇÃO A: Não é nada demais, é só uma fase, (os conservadores, mal disfarçando o seu mal-estar psicologizando a "coisa")

OPÇÃO B: Ele está descobrindo a sexualidade, (os moderados)

OPÇÃO C: Ele esta aprendendo a cuidar dos filhos. Por que, homem não pode cuidar dos filhos, não é? (os progressistas-liberais de extrema esquerda intelectuais, dentre eles, minha querida "profdoc" Cristina Novikoff, um bálsamo na minha vida)

OPÇÃO D: Ele está querendo chamar a atenção em protesto por tudo que passou nestes últimos tempos (os contemporizadores sociologizando a mesma "coisa")

OPÇÃO E: Este menino vai é ser "viado" mesmo! (muitos, em off, é claro!)

OPÇÃO D: Nenhuma das anteriores (mas esta opção não é aceita na pedagogização da "coisa")

E eu ali, realizando uma pesquisa disfarçada sobre o assunto, coletando os dados, tratando-os e analisando os resultados!

Mentalmente, catalogava as opiniões. Torturava-me a possibilidade entre assumir uma atitude "firme" com meu filho para não ser julgada e execrada, ou seja, aceita pelos meus pares, ou ainda pior, sucumbir num mar de disfarces, meias-mentiras, mentiras inteiras, hipocrisias...

Optei pela lealdade aos meus princípios. É neles que está o amor incondicional ao ser humano e o respeito às diferenças, que só se consolidam se você tiver um compromisso real com a verdade. A sua verdade. Possibilitando àquilo que é estranho, ser familiar. Esta postura é uma daquelas que, quando a gente "bota a cara" sabe, leva muita, mas muita porrada (não é Aninha?).

Meu filho é um ser humano. Pode ser diferente ou não no sentido convencional das opções sexuais. Mas isto não é importante. É apenas uma categoria de análise. Logo, não posso abrir mão dos meus princípios, pois eles constituem a minha identidade. Mantenho-me fiel a eles.

Bem seja o que for que representa a boneca para o meu filho, o fato é que ele está feliz da vida com o seu brinquedo novo e está me pedindo outra...

O fundamental, importante e imprescindível é o amor que sinto por este mini-humano e a admiração profunda que sinto ao vê-lo cuidar tão amorosamente do irmão menor, pela sensibilidade em perceber só de olhar meu rosto, o meu estado de ânimo, mesmo se tento disfarçar (e me alertar!), pela preocupação com a o coletivo, demonstrada nas pequenas atitudes cotidianas, como não jogar papel de bala no chão ou recolher as garrafas pets que meu pai insiste em atirar no seu quintal; em demonstrar bom caráter ao não contar mentiras muito punks (aquelas que sacaneiam alguém ferindo seus sentimentos), pela comoção sincera quando vê um desvalido, pela alegria com que admira a beleza de uma florzinha safada no jardim da minha mãe e colhê-la e colocar num copo me oferecendo; ao adorar incensos e gostar de livros, não com a devoção que eu gostaria, mas ok, e ao profundo amor que devota à sua Bolinha.

Me emociono ao vê-lo dormir e me assusto com a rapidez com que está tendo que amadurecer, pois a vida não tem sido fácil para ele.

Sendo assim, é muito fácil ser mãe deste ser humano de sete anos que me chama de mamãe. E se ele for gay, lésbica, hetero, bi, drag, transformista ou desejar uma cirurgia de mudança de sexo, tudo bem. Mesmo. O importante é que seja qual for o caminho escolhido, que seja pautado pelos princípios humanitários. Aqueles que fazem a gente ser decente e não nos torna indiferentes às misérias do mundo. E de quebra, que ame o seu próximo, respeitando a dignidade alheia. E que sonhe sempre com um mundo melhor, como antídoto para afastar o cinismo que ronda o cotidiano da perversidade.

Eu te amo meu filho.
Por tudo. Mas principalmente por me fazer olhar, de forma corajosa para dentro de mim mesma.



Com amor,

Mamãe.


Um comentário:

Flora Veiga disse...

Denise, no meu note não tem Mozilla, não consigo ver alguns posts, inclusive este último! Bjo =)